segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As fotos é que pagam o pato


Depois de uma briga histórica, daquelas de não deixar coisa nenhuma em pé, você se vê completamente sozinha, o romance acabou. Ele não era nada daquilo que você pensava, é um cafajeste, um galinha, um insensível. Você corre até a cozinha, pega uma tesoura afiada, voa para seu quarto e, bufando de ódio, tira do armário a caixa com todas as fotos que vocês tiraram durante o namoro e começa a (não faça isso, garota, você vai se arrepender, o cara fez parte da sua história, um dia esta raiva vai passar e você nem lembrará do rosto dele, vai querer recordá-lo, larga esta tesoura, não faz bobagem, me escu...) picar bem picadinho todas as fotos em que aparecem juntos, menos aquela em que você está uma deusa - esta você vai cortar pela metade, e a parte em que ele aparece vai para o lixo, naturalmente.

Serviço feito. Nem mesmo um expert em quebra-cabeças de 20.000 peças conseguiria juntar o olho direito com o olho esquerdo daquele infeliz, as fotos viraram farinha. E agora? Está se sentindo melhor?

Você está se sentindo um trapo. A dor da perda não se aplaca com um gesto extremado, e se o propósito era vingança, grande porcaria: o modelo fotográfico que foi esquartejado segue inteirinho da silva tocando a vida dele, não sentiu nem um arrepio quando você praticamente moeu seu sorriso lindo. Ele tinha um sorriso lindo, não tinha?

Você vai lembrar do sorriso, dos olhos, da boca ainda por muito tempo. Picotar fotos é só a materialização de um desejo: gostaríamos que certas pessoas saíssem da nossa vida instantaneamente, bastando pra isso uma tesourada. Mas o processo de despedida é bem mais lento e mais difícil. É preciso deixar o tempo agir. E o tempo age com mais parcimônia.

Mas quem quer saber de parcimônia? Mulheres com o orgulho ferido seguirão mutilando seus álbuns de fotografia, arrancando cabeças, amputando casais que pareciam colados com superbonder. Uma pena aleijar assim o passado, mas, por outro lado, talvez seja conveniente deixar bem livre este ímpeto destrutivo e o pouco apego às lembranças. Nenhum problema em descarregar nosso ódio num pedaço de papel. Sabe-se lá o que aconteceria se o engraçadinho aparecesse na nossa frente e nos encontrasse com uma tesoura na mão.

Martha Medeiros


Não, não vai ser um analgésico que vai curar essa dor, essa ferida que ainda sangra. Ela é profunda, angustiante e incurável. Basta saber se pode-se agüentar essa dor. Se vale á pena, se algum dia valeu, será que valeu? O que é melhor sofrer só ou nos braços de quem você ama? Dói muito, dói a indiferença que não deveria existir, e que você deveria carregar, mas não consegue(...). Sofrimento é opcional ( não é bem assim), porém ninguém morre de amor, ninguém vai deixar de viver, lembre-se, quantas vezes você se viu na mesma situação, levantou a cabeça e voltou á viver, o que faz uma relação ser diferente da outra, por que você atura uma coisa, que você nunca aturou em relacionamentos anteriores. Porem quando você se dedica inteiramente á pessoa, você esquece disso. De que você pode viver sem a pessoa, e que ninguém é tanto pra valer sua felicidade. Por isso a nossa felicidade quem tem que buscar é a gente, porque ninguém vai fazer isso por nós. Desculpe abrir seus olhos, mas raramente encontram-se pessoas que se importam com a felicidade dos outros, sabe porque? Por que a sua felicidade fica de lado, por a felicidade de outra pessoa, e pode ter certeza, ninguém vai dar valor pra isso. E vai ser a hora que seu coração, sua vida, estará sangrando, em uma dor incessante, que você não sabe se vai ou não passar. Mas não consegue se desvencilhar de coisas que você acha que seriam certas, e parar de sofrer por quem nunca vai sofrer por você, quem nunca vai pensar na sua felicidade, ai que você vê, que a vida não vale nada, e que você deve fazer as coisas, pensar no bem do outro, mas viva a SUA vida, deixe de viver por alguém, essa pessoa raramente fará isso por você.

Angélica Ap. Chuede